Pânico-demia: Não há vacinas para o medo, então faça isso:

Quando desenvolvo um plano de tratamento para a ansiedade com meu cliente, sempre começo fazendo com que ele memorize duas frases:

  1. “O medo da morte não te impede de morrer, apenas te impede de viver.”
  2. “A ansiedade é desconfortável, mas não é perigosa.”

Eu gostaria de ter o crédito por essas frases, mas as ouvi anos atrás de duas pessoas diferentes de quem não me lembro nem dos seus nomes.

Uma lei de saúde de 3.400 anos atrás ja dizia que morcegos não devem ser consumidos por seres humanos (Levítico 11:19).  Artigos escritos na virada do século nos alertam sobre surtos virais por alimentos exóticos.  Uma palestra TED de cinco anos atrás proferida por Bill Gates reforça esses pontos.  Uma coisa é clara: não aprendemos a lição.  Os acontecimentos que só víamos nos filmes estão diante de nossos olhos e, quando nossa vida se torna parte do roteiro, não temos ideia de como agir.

Ficamos calmos e deixamos a poeira baixar? Acompanhamos o pânico tão útil para a Mídia? Encontramos um meio termo e oscilamos entre medo e esperança? Não sei qual é a sua estratégia de enfrentamento, mas qualquer que seja sua perspectiva, essa crise certamente revelará algo sobre você até então desconhecido. É o que acontece em tempos difíceis.

Historicamente, quando as crises nos atingiam, fazíamos um bom trabalho nos reunindo para encontrarmos força na unidade. Este é um caso diferente, pois se trata de uma pandemia viral.  Sendo assim, a reunião é a última estratégia que devemos usar. “Distanciamento social” é o novo termo que até recentemente não fazia sentido para mim. É claro que ainda podemos “nos reunir” de outras maneiras, e isso tem sido bom.  A tecnologia ajudou muito. Estamos orando mais um pelo outro, estamos nos contactando mais através das várias redes sociais, e até as igrejas estão realizando serviços pela internet. Estamos tentando viver o mais normalmente possível dentro das circunstâncias.

Já podemos começar a especular sobre a direção que a sociedade seguirá após a crise do Covid-19. Sem dúvida, Hollywood participará da ação com filmes sobre esse período de nossa vida, e a indústria médica já está voltando sua atenção para uma lacuna existente no departamento de doenças infecciosas. Já almejo ver nosso aprendizado coletivo. Talvez admitamos que o contato pessoa a pessoa é realmente importante, e que estar juntos para um concerto ou um culto na igreja é benéfico para a nossa saúde mental.

Quando o mundo experimenta um ataque de pânico, podemos nos encontrar ofegantes por ar.  Para todos os lugares que olhamos, encontramos mais pontos de interrogação do que pontos de exclamação.  Para uma geração que foi mimada por espaços seguros, quando esses espaços se vão, o verdadeiro inimigo começa a emergir.  Infelizmente para muitos, esse inimigo é o próprio pensamento.

Se olharmos para os números, provavelmente vivemos no tempo mais seguro da história humana.  Embora alguns discordem, vivemos tempos bons, previsíveis e regalados.  Por que, então, os transtornos de ansiedade continuam aumentando?  A resposta curta é que a ansiedade não tem nada a ver com o que está acontecendo fora de nós mesmos e tudo a ver com o que está acontecendo na nossa mente.  Ansiedade é mais sobre como interpretamos uma situação do que sobre a própria situação.  A ansiedade sobre um evento é, na grande maioria dos casos, muito pior que o próprio evento.

Quando estou diante de uma cliente que luta contra a ansiedade, geralmente começamos juntos criando uma pequena lista de cinco aspectos de sua vida sobre os quais ela têm controle.  Em seguida, criamos uma lista de cinco aspectos de sua vida sobre os quais ela não têm controle. Embora as respostas variem um pouco, estas são as mais comuns:

Coisas sobre as quais tenho controle:

  1. Minhas decisões
  2. Meu tempo (presente)
  3. Minhas crenças
  4. Minhas finanças
  5. Meus hábitos

Coisas sobre as quais não tenho controle:

  1. As decisões dos outros
  2. O passado e o futuro
  3. Meus pensamentos (você pode não ter controle sobre os pensamentos que vêm à sua mente, mas você tem controle sobre em quais deles acreditar)
  4. Os pensamentos dos outros
  5. O clima (isso inclui desastres naturais)

Quando a atividade é concluída, digo algo assim: “Você pode se dar permissão para se preocupar com tudo na primeira lista, mas pare de se preocupar com a outra lista … afinal, você não tem controle sobre aquelas coisas!”  Para o cliente interessado em espiritualidade, podemos dar um passo adiante e dizer: “a lista de coisas não controláveis pertence a Deus, deixe que Ele se preocupe com isso para você.”  O interessante dessa atividade é que as pessoas percebem rapidamente que a maioria das coisas que temem está na lista “sem controle.”  Não é de admirar que eles estejam em espiral descendente no poço de ansiedade há muito tempo.  Leva tempo para que as pessoas escapem de seus pensamentos automáticos negativos, mas quando isso acontece, eles percebem o quanto da vida estão perdendo.

Vamos terminar com outra lista.  Esta é mais específica para nossa atual crise de coronavírus. Se você está se perguntando como lidar com isso, pense no seguinte:

  1. Evite assistir noticiários excessivamente (eles apenas lembram coisas sobre as quais você não tem controle) – cinco minutos por dia são suficientes para saber as últimas notícias.
  2. Leia – desafie-se a ler um livro nas próximas duas semanas. Você não vai se arrepender.
  3. Descanse – vá em frente, durma mais, não tem problema.
  4. Exercício – aproveite para aumentar sua imunidade.
  5. Use todo esse papel higiênico para ensinar seus filhos como os egípcios enterravam sua realeza.

Cuidem-se!